Irmãos Menendez: Justiça dos EUA toma decisão em julgamento e caso tem reviravolta

Condenados pelo assassinato dos pais, Erik e Lyle agora têm o direito à liberdade condicional

Os irmãos Erik e Lyle Menendez tiveram suas penas reduzidas nesta terça-feira (13). O juiz Michael Jesic, do Tribunal Superior do Condado de Los Angeles, propôs a redução da sentença original, de prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional, para 50 anos ou mais com possibilidade de liberdade condicional.

Eles terão agora direito à liberdade condicional após ficarem presos por 35 anos pelo assassinato dos pais, Jose e Kitty Menendez. A garantia ocorre pela lei da Califórnia para jovens infratores, pois ambos cometeram o crime com menos de 26 anos. O conselho estadual de liberdade condicional ainda precisa decidir se os libertará da prisão.

Segundo a Associated Press, o juiz comentou a nova sentença: “Não estou dizendo que eles devem ser libertos, não cabe a mim decidir. Acredito que eles já fizeram o suficiente nos últimos 35 anos para que tenham essa chance”. Ele afirmou ainda que havia “pensado muito” sobre quais penas os irmãos mereciam, levando em conta todos os argumentos. “Eu dou muito crédito a eles por mudarem suas vidas”, pontuou.

O juiz revelou que ficou comovido com uma carta enviada por um funcionário da prisão em que os irmãos cumprem a pena. O documento foi escrito em apoio à nova sentença, algo que, segundo Jesic, o funcionário nunca havia feito para nenhum detento em 25 anos.

Continua depois da Publicidade

Os irmãos participaram da audiência no tribunal através de uma transmissão ao vivo. “Eu matei minha mãe e meu pai. Não apresento desculpas nem justificativas. O impacto das minhas ações violentas na minha família… é inimaginável”, admitiu Lyle ao depor. Erik também falou durante a sessão e pediu desculpas à família. “Vocês não mereciam o que eu fiz, mas me inspiram a ser melhor”, afirmou.

De acordo com o TMZ, os irmãos Menendez se emocionaram com a decisão. Familiares que estavam presentes também comemoram a nova sentença com alegria. “Hoje é um grande dia depois de 35 anos”, disse o advogado de defesa, Mark Geragos. “Nós evoluímos, não estamos mais nos anos 90. Temos uma compreensão mais sólida de muitas coisas”, acrescentou.

Continua depois da Publicidade

O advogado explicou que estava tentando reduzir as acusações para homicídio culposo para que os irmãos pudessem cumprir o resto da pena e pudessem ser libertos imediatamente, mas o juiz não seguiu o pedido. “Eles são uma família de verdade. Pessoas de verdade que viveram horrores inimagináveis. E estou esperançoso e feliz por estarmos um grande passo mais perto de trazer os meninos para casa”, completou.

A nova sentença foi criticada pelos promotores do Condado de Los Angeles, que defendem que os detentos não assumiram a responsabilidade completa por seus atos. Segundo o promotor público Nathan Hochman, Erik e Lyle “não confessaram” seus crimes.

Julgamento dos Irmãos Menendez em Los Angeles, em março de 1994. (Foto: Getty)

Três primas dos irmãos testemunharam na audiência e defenderam a nova sentença. “Todos nós, de ambos os lados da família, acreditamos que 35 anos são suficientes. Eles são universalmente perdoados pela nossa família”, garantiu Anamaria Baralt. Outra parente, Tamara Goodell, declarou que levou seu filho de 13 anos para conhecer Erik e Lyle na prisão e apontou que os dois teriam muito a contribuir com a sociedade se fossem libertos.

Em outubro do ano passado, o ex-promotor distrital do Condado de Los Angeles, George Gascón, pediu a um juiz que reduzisse as penas dos detentos. Segundo ele, o caso teria sido julgado de forma diferente nos dias de hoje, devido aos conceitos atuais de abuso sexual e à reabilitação dos irmãos após ficarem presos por três décadas.

Uma petição para uma nova sentença apresentada pelo promotor focou no comportamento de Erik e Lyle na prisão. Desde a condenação, os irmãos estudaram, participaram de aulas de autoajuda e criaram diversos grupos de apoio para os demais detentos. O ex-juiz Jonathan Colby disse ao tribunal que se impressionou com os programas que os irmãos iniciaram durante o período de detenção.

Continua depois da Publicidade

O ex-detento Anerae Brown chorou durante seu testemunho ao falar sobre como os irmãos o ajudaram a se reabilitar, o que levou à sua liberdade: “Agora tenho filhos. Sem o Lyle e o Erik, eu ainda estaria lá sentado fazendo besteiras”.

Relembre o caso

O crime aconteceu em 1989, quando Lyle e Erik, com 21 e 18 anos, assassinaram a tiros seus pais, Jose e Kitty Menendez, em uma luxuosa mansão em Beverly Hills, onde viviam. O pai dos irmãos era uma figura importante na indústria fonográfica e do entretenimento, e por isso o caso teve grande repercussão mundial. Inicialmente, os meninos tentaram fazer com que o assassinato parecesse um ataque da máfia, mas depois admitiram a autoria do crime.

Em 1996, os jovens foram condenados por homicídio em primeiro grau e sentenciados à prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. No entanto, o caso voltou a ser amplamente comentado em 2024 após o lançamento de um documentário e uma minissérie pela Netflix, intitulada “Monstros: A História de Lyle e Erik Menendez”, que apresentou novas evidências corroborando a versão de que os irmãos cometeram o crime após sofrerem abusos sexuais pelos pais.

Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaques