Sean “Diddy” Combs: Promotores dizem que rapper mandou acompanhante urinar na boca da ex-namorada, Cassie Ventura

Se condenado, Diddy pode ser sentenciado à prisão perpétua

O julgamento federal de Sean “Diddy” Combs por tráfico sexual em Nova York trouxe à tona novas e perturbadoras revelações sobre os bastidores dos chamados “freak offs” — festas sexuais comandadas pelo artista ao longo de duas décadas. Em depoimentos colhidos nesta semana, o uso de urina e de grandes quantidades de óleo de bebê durante os encontros organizados por Diddy passou a ocupar o centro das acusações feitas por promotores e testemunhas.

Durante as declarações iniciais, a procuradora-assistente dos Estados Unidos, Emily Johnson, relatou ao júri que, em um dos episódios, Diddy ordenou que um garoto de programa urinasse na boca de sua então namorada Cassie Ventura. O ato teria sido parte de uma “surpresa” organizada por ele, que exigia total controle sobre as ações das mulheres envolvidas, mesmo quando elas se mostravam desconfortáveis. “Apesar de Cassie ter concordado, era algo que ela não queria fazer”, afirmou Johnson, citando também que a artista chegou a se sufocar durante a prática.

Os promotores ainda destacaram que Cassie foi submetida a sucessivos episódios de violência e coerção. Em outro relato, um trabalhador do sexo chamado Daniel Phillip contou que foi contratado para ter relações sexuais com Cassie enquanto Diddy assistia e se masturbava no quarto. Ele afirmou que, em uma das ocasiões, Cassie pediu que ele urinasse. “Foi ela quem me pediu para urinar nela”, lembrou Phillip. “Ela me perguntou se eu já tinha feito isso antes e me disse para fazer. Aparentemente, eu estava fazendo errado, porque eles me disseram”, completou.

Festa do Branco organizada pelo rapper em Beverly Hills, na California, em 2009. (Foto: Jason Merritt/Getty Images/Getty Images for Blueflame)

Em outro momento, os promotores falaram sobre as agressões sofridas por Cassie. Eles afirmam que “Diddy ficou furioso ao descobrir que a namorada estava saindo com outro homem, espancando-a brutalmente, chutando-a nas costas, jogando-a como uma boneca de pano, e chantageando-a com ameaças de divulgar um vídeo dela fazendo sexo com acompanhantes”.

Outra testemunha, um dançarino que também teve relações sexuais com a mulher a pedido de Diddy, revelou que a exigência do rapper era o uso constante de óleo de bebê nas performances sexuais. Em um dos encontros, Diddy teria reclamado da falta do produto e interrompido a sessão para pedir que os envolvidos “fossem mais devagar” até que aplicassem mais óleo. A promotoria mencionou que, durante uma batida na casa do acusado, as autoridades apreenderam cerca de mil frascos do item.

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Esse mesmo dançarino relatou que recebeu muitos pagamentos para fazer sexo com Cassie, chegando a ganhar até US$ 6 mil por encontro (cerca de R$ 34 mil). Diddy orientava encenações, como quando pediu para que ele e Cassie simulassem o encontro entre estranhos em um aeroporto. Ele descreveu que, na primeira vez que participou de uma dessas sessões, Cassie o aguardava em um quarto de hotel usando peruca vermelha, meias e óculos escuros, enquanto Diddy observava em silêncio, vestido com um robe branco, boné e uma bandana cobrindo o rosto.

As testemunhas também relataram que as festas promovidas por Diddy eram planejadas com logística cuidadosa. Segundo a promotoria, sua equipe providenciava transporte, hospedagem, iluminação, lubrificantes e pagamentos em dinheiro. Em diversos relatos, o magnata é descrito como autoritário e, por vezes, violento. Os promotores afirmam que Diddy ameaçava expor vídeos íntimos das vítimas como forma de chantagem.

Ação judicial movida por Cassie Ventura contra Diddy, seu ex, abriu caminho para novas acusações (Foto: Getty)

Diddy responde por cinco acusações: duas de tráfico sexual, duas de transporte para fins de prostituição e uma de conspiração para extorsão. Ele se declarou inocente. Sua defesa sustenta que os atos foram consensuais entre adultos e nega que tenha havido coerção ou abuso.

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O julgamento, conduzido pelo juiz Arun Subramanian, conta com oito promotores federais e já ouviu múltiplas testemunhas. Cassie Ventura deve depor nos próximos dias, e a acusação poderá usar um vídeo de vigilância de 2016 que mostra Diddy agredindo a cantora em um corredor de hotel.

Se condenado, Diddy pode ser sentenciado à prisão perpétua. Ele está detido no Centro de Detenção Metropolitano do Brooklyn desde setembro.

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