A morte de um homem que ficou preso entre a porta do trem e a plataforma na Estação Campo Limpo, da Linha 5-Lilás do metrô de São Paulo, continua gerando grande repercussão. Neste domingo (11), o “Fantástico” conversou com Jutaí Gonzalez, sobrevivente de um episódio semelhante na mesma linha, e trouxe à tona o debate sobre a segurança nas plataformas.
Em outubro de 2024, Gonzalez ficou preso entre as portas do trem e da plataforma na Estação Largo 13. Em entrevista ao dominical da TV Globo, ele revelou ter sido arrastado pela composição e sofrido múltiplas fraturas.
“Eu achei que eu estava morrendo, praticamente, porque eu não estava conseguindo respirar e meus batimentos estavam muito fracos. Eu não conseguia nem pedir socorro, porque eu não tinha força para falar”, relatou.
O acidente ocorreu quando ele tentava embarcar em um trem aparentemente vazio. Durante a tentativa, as portas se fecharam repentinamente, prendendo seu corpo.
Jutaí sofreu múltiplas fraturas e ainda convive com as sequelas físicas e emocionais: “Foi minha perna que eu senti a dor dela quebrando. Eu rodei, ele foi me esmagando. Achei que minhas costelas iam sair. Eu quebrei quase todas as costelas do lado de cá”.
Após o acidente, ele foi socorrido e passou 12 dias internado. Desde então, não conseguiu retornar ao trabalho.
Ao Fantástico, Jutaí revelou ter feito diversas tentativas de contato com a ViaMobilidade, concessionária responsável pela operação da linha. Apesar da gravidade do caso, ele afirma que continua sem receber qualquer tipo de suporte.
“Até hoje ninguém ligou. Entramos em contato muitas vezes, não tivemos muito retorno. Eu queria ter a dignidade de viver como eu vivia normalmente, pagar minhas contas”, desabafou.
A tragédia recente trouxe à tona gatilhos profundos. “Foi uma semana de muita frustração, porque, infelizmente, eu vi que mais uma pessoa passou por isso. Ele só queria trazer o pão pra casa, como eu”, disse, emocionado.
ViaMobilidade quebra silêncio
Em nota enviada à reportagem, a ViaMobilidade afirmou que prestou auxílio no dia do acidente e que, após a judicialização do caso, o processo segue em tramitação aguardando decisão final.
Mesmo com a recorrência de situações similares, pouco foi feito para prevenir novos acidentes. Documentos obtidos pela Globo revelam que, nos últimos quatro anos, ao menos 15 pessoas ficaram presas entre os trens e as portas de segurança em estações da capital paulista.
Jutaí finalizou com um apelo por mudanças urgentes no sistema: “Isso tem que mudar. Porque possa ser que amanhã tenha mais um. E aí vai…”. Assista:
Siga a Hugo Gloss no Google News e acompanhe nossos destaquesSobrevivente de acidente no metrô relembra trauma pic.twitter.com/9ldh3HiWLz
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) May 12, 2025