Polícia desconfia de morte da irmã de médico preso suspeito de matar esposa em SP, e toma atitude

A Polícia Civil suspeita que, assim como Larissa Rodrigues, esposa do médico, a irmã dele, Nathalia, que morreu um mês antes, também tenha sido envenenada

Após a prisão do médico Luiz Antonio Garnica, nesta terça-feira (6), suspeito pela morte da esposa, Larissa Rodrigues, a Polícia Civil passou a desconfiar de outro óbito. Segundo o g1, as autoridades devem solicitar a exumação do corpo da irmã do médico, Nathalia Garnica, devido à suspeita de envenenamento.

Larissa, de 37 anos, era professora e também trabalhava em uma academia em Ribeirão Preto. Conforme as investigações, ela havia descoberto recentemente uma traição por parte do marido e chegou a desabafar com amigos sobre a frustração causada pela história. A Polícia Civil trabalha com a hipótese de que Luiz contou com a ajuda da própria mãe, Elizabete Arrabaça, na execução do crime.

Após a conclusão da autópsia, um laudo toxicológico apontou sinais de envenenamento no corpo de Larissa, provocado por uma substância conhecida popularmente como chumbinho — um pesticida altamente tóxico, proibido no Brasil desde 2012.

Laudo toxicológico no corpo de Larissa constatou envenenamento por chumbinho (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)

Diante da confirmação, os investigadores passaram a desconfiar da morte de Nathalia, irmã do médico, ocorrida cerca de um mês antes, em fevereiro. Inicialmente, a causa da morte foi registrada como infarto. No entanto, a polícia agora suspeita que ela também possa ter sido envenenada.

O delegado Fernando Bravo, responsável pelo caso, detalhou a linha de investigação: “Um mês antes mais ou menos da morte da Larissa, teve a morte da irmã do Luiz. Nós vamos instaurar o inquérito policial e vamos pedir a exumação do corpo para mandar isso para o exame toxicológico e verificar, esclarecer se realmente a irmã foi envenenada”.

Ainda de acordo com o delegado, Nathalia não apresentava problemas de saúde e sua morte ocorreu de forma semelhante, com a mãe do médico presente no local em ambas as situações. Elizabete também foi a última pessoa a ver Larissa com vida.

Diligências indicam que, antes da morte da nora, ela procurou informações sobre o uso do chumbinho. “Ontem nós conseguimos encontrar uma testemunha que relatou que a sogra estava procurando o chumbinho para comprar, aproximadamente 15 dias antes da morte. Então isso nos trouxe uma segurança de que ela, juntamente com o filho, matou Larissa”, afirmou Bravo.

“Ela chegou a ligar para uma amiga que é fazendeira para saber se ela tinha essa substância na fazenda. Quando a amiga disse que não, ela pediu indicação de lugar para comprar, mas não foi fornecido ou indicado”, revelou.

Bravo ainda destacou a semelhança entre os casos: “São casos parecidos, a forma foi semelhante, a mãe do médico foi até lá, fez massagem cardíaca, foi muito semelhante, porém não podemos falar que foi envenenamento, só uma análise técnica para esclarecer”.

A defesa de Luiz afirmou que ainda não teve acesso aos detalhes da investigação, mas reitera a inocência do cliente.

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Morte da esposa

A morte de Larissa aconteceu no dia 22 de março. Segundo o boletim de ocorrência, ao qual o g1 teve acesso, Luiz relatou que chegou ao apartamento do casal e estranhou quando Larissa não respondeu aos seus chamados. Após procurá-la pelos cômodos, ele a encontrou inconsciente no banheiro.

Médico, ele teria colocado a esposa na cama e iniciado procedimentos de emergência, sem sucesso. Na sequência, acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que confirmou o óbito no local.

Inicialmente, o caso foi registrado como morte suspeita, e laudos foram solicitados ao Instituto Médico Legal (IML) e ao Instituto de Criminalística (IC) para esclarecer as circunstâncias.

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O primeiro exame foi inconclusivo, mas identificou “lesões patológicas no pulmão e no coração”, além de um sinal conhecido como “cogumelo de espuma” — indicativo de contato entre o ar e líquidos corporais, que pode ocorrer tanto em mortes naturais quanto não naturais.

Nesta terça-feira (6), a Polícia Civil cumpriu mandados de prisão temporária contra Luiz e Elizabete, após a confirmação da presença de chumbinho no organismo de Larissa.

Segundo o delegado, há indícios de que a professora foi envenenada por vários dias antes da morte. Ele também busca confirmar o envolvimento de Elizabete, além de descobrir como a substância foi obtida e o que teria motivado o crime.

“Há indícios de que foram administrados ao longo da semana, até porque a vítima chegou e relatou para amigos que toda vez que a sogra saiu de casa, ela passou mal, com diarreia. Ela teve alguns sintomas, que hoje a gente percebe, já estavam indicando o envenenamento”, concluiu o delegado.

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