Causa da morte de irmã de médico suspeito por matar a esposa envenenada em SP é revelada

Polícia Civil havia pedido a exumação do corpo de Nathália Garnica após desconfiar da verdadeira causa da morte

A irmã do médico suspeito de matar a esposa por envenenamento em Ribeirão Preto (SP) também morreu após ingerir chumbinho. A informação foi confirmada nesta terça-feira (17), pelo diretor do Instituto Médico Legal (IML), Diógenes Tadeu Cardoso, à EPTV, afiliada da TV Globo.

A conclusão foi constatada no laudo toxicológico finalizado quase um mês após a exumação de restos mortais de Nathália Garnica. Ela veio a óbito trinta dias antes de Larissa Rodrigues, de 37 anos, que era esposa do médico Luiz Antonio Garnica.

Segundo Cardoso, as análises realizadas pelo Núcleo de Toxicologia do IML em São Paulo apontaram que a substância que matou Nathália pertence à mesma categoria de veneno e foi encontrada em partes do pulmão, do estômago e do fígado. Porém, é diferente da que levou à morte de Larissa.

“Uma coisa é certa: Nathalia morreu intoxicada com uma substância diferente da [que causou a] morte da Larissa, que também foi envenenada por outra substância da mesma classe”, explicou. Até o momento, o documento não foi entregue à Polícia Civil, de acordo com a reportagem. A corporação também investiga as circunstâncias da morte de Nathália para obter mais detalhes no caso de Larissa.

Nathália faleceu um mês antes de Larissa, que era esposa do médico suspeito (Foto: Reprodução/EPTV)

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Conforme o diretor do IML, o chumbinho é uma classe de diferentes substâncias que, em termos gerais, têm o mesmo efeito se ingeridos por uma pessoa: de mal-estar à morte, a depender da quantidade e da exposição.

Ele explicou que a substância encontrada nos restos mortais de Nathália é conhecida como “carbofurano”, enquanto a que foi encontrada no exame toxicológico de Larissa é o “aldicarb”, com outra composição. “Têm o mesmo efeito, causam a morte, causam tontura, náuseas, os dois são da mesma classe. Então eles causam a mesma coisa, só que são substâncias diferentes”, detalhou.

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Cardoso, então, falou sobre as regiões onde o veneno foi encontrado. “É mais uma característica farmacodinâmica da substância do que o jeito que se foi intoxicado ou a quantidade”, pontuou. Antes de ser entregue à Polícia Civil, o laudo precisa ser assinado pelo médico responsável e contextualizado com outras informações técnicas. “Nos próximos dias, ele vai fazer o laudo, vai fundamentar com a literatura, pegar os achados necroscópicos encontrados e vai interligar tudo isso para o delegado”, completou o diretor.

“O laudo toxicológico aponta a cadeia de custodia, isso é muito importante. Lá no cemitério, na exumação, a gente lacrou aqueles retirados dos restos mortais da Nathalia. Esse lacre garante a cadeia de custódia, ou seja, ninguém mexeu nessa amostra até chegar ao laboratório”, finalizou.

Polícia pediu a exumação dos restos mortais de Nathália após desconfiar da causa do óbito (Foto: Reprodução/EPTV)
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As mortes

Larissa foi encontrada morta no apartamento em que vivia com Luiz, em Ribeirão Preto, no dia 22 de março. Após a conclusão da autópsia, um laudo toxicológico apontou sinais de envenenamento no corpo da professora de pilates.

Segundo as investigações, ela havia descoberto recentemente uma traição por parte do marido e chegou a desabafar com amigos sobre a frustração causada pela história. A Polícia Civil e o Ministério Público suspeitam que um pedido de divórcio da vítima tenha motivado o crime.

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A PC ainda trabalha com a hipótese de que o médico contou com a ajuda da própria mãe, Elizabete Arrabaça, na execução do delito. O caso é tratado inicialmente como um homicídio qualificado na fase de inquérito policial, procedimento que resultou nas prisões temporárias da mãe e filho.

Nathália, por sua vez, não apresentava problemas de saúde e sua morte ocorreu de forma semelhante, com a mãe do médico presente no local em ambas as situações. De acordo com o delegado Fernando Bravo, responsável pelo caso, Elizabete também foi a última pessoa a ver Larissa com vida.

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