Um adolescente de 14 anos foi apreendido nesta quarta-feira (25), após confessar ter matado os pais e o irmão mais novo, de três anos, em Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro. Segundo as autoridades, o menor demonstrou frieza durante o depoimento e afirmou que “faria tudo de novo”.
De acordo com policiais da 143ª DP (Itaperuna), onde o caso foi registrado, o adolescente assassinou Antônio Carlos Teixeira, de 45 anos, e Inaila Teixeira, de 37, porque eles o proibiram de viajar para o estado de Mato Grosso, onde encontraria uma suposta namorada. As investigações apontaram que os dois se conheceram por meio de um jogo online.
O adolescente esperou os pais dormirem, na madrugada de sábado (21), pegou a arma de Antônio — registrada para uso legal — debaixo do colchão e disparou contra eles. Em seguida, atirou no pescoço do irmão, Antônio Filho. Em depoimento, ele contou que após o crime, espalhou produtos químicos no chão e arrastou sozinho os corpos até uma cisterna, próxima à casa.
Os familiares estranharam a falta de notícias do casal e perguntaram ao adolescente sobre os pais. Ele alegou que os dois tinham levado o irmão ao hospital, porque o menino teria engolido um caco de vidro. Nenhuma unidade de saúde, entretanto, confirmou o atendimento. Desconfiada, a avó levou o neto à delegacia para registrar o suposto desaparecimento.

Nesta quarta-feira (25), os policiais foram até a residência da família, onde encontraram manchas de sangue no colchão e roupas queimadas, além de sentirem forte odor vindo da cisterna. Com ajuda do Corpo de Bombeiros, os corpos foram retirados do local e levados para o Instituto Médico Legal (IML).
“A quantidade de sangue era incompatível com o acidente doméstico que ele narrou para a gente. Depois que localizamos os corpos, ele confessou o crime. Disse ter dado um tiro na cabeça do pai e da mãe; no irmão, foi no pescoço. Perguntamos porque ele matou o menino, e ele disse que foi para poupá-lo da perda dos pais“, revelou o delegado Augusto Guimarães ao O Globo.
O adolescente contou que estava dormindo no quarto dos pais porque era o único cômodo com ar-condicionado. Para se manter acordado, ele tomou um pré-treino e esperou a família adormecer para cometer o crime. A arma usada foi apreendida na casa da avó, que afirmou ter encontrado o objeto na residência do neto e o recolhido com medo de que ele pudesse se machucar.
Os agentes acreditam que ela não participou e nem sabia do crime. “Ele foi muito espontâneo ao contar como cometeu os crimes. É um menino frio, sem remorso. Perguntamos se ele se arrependia, e ele disse que não, que faria tudo de novo. As respostas que nos deu foram rápidas e o tempo todo se autoafirmava como homem. Tinha um ‘que’ de psicopatia. Ele pode ter premeditado tudo ou é um menino muito inteligente“, detalhou Guimarães.

Conforme o delegado, as autoridades também encontraram uma bolsa de viagem “já pronta para viajar“, com os celulares das vítimas. Ainda, descobriram que o adolescente pesquisou no celular sobre “como receber FGTS de falecido”. O pai teria direito a receber R$ 33 mil.
“A gente perguntou a ele o que era essa pesquisa, e ele contou que fez depois do crime. Nós não sabemos ainda se essa foi a motivação, mas, independente de ter sido essa ou o namoro, ambas configuram motivo fútil. Ele tem muito o que responder na Justiça“, completou. O adolescente responderá por ato infracional análogo a triplo homicídio e ocultação de cadáver. O caso será encaminhado ao Ministério Público.
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